sexta-feira, 22 de julho de 2011

INTOLERÂNCIA & CORPORATIVISMO



Os escândalos ocorridos nas duas entidades, ou seja, religião e política são tratados de forma branda, igualitariamente, tornando-se de bom alvitre relacionar alguns pontos, onde diferem ou misturam-se, talvez, como imperativo de sobrevivência comum. Pois bem: enquanto um presidente demagogo, mas, com popularidade em alta tem pleno conhecimento dos sucessos e finge desconhecê-los, rotulando-os de intrigas da imprensa, o papa também sabe e pede perdão dos ataques de sacerdotes pedófilos perpetrados contra crianças indefesas, uma vez já não mais poder ignorá-los. Entretanto, e nos dois casos, os seus colaboradores, em qualquer instância defendem os infratores, como também desconversam ou minimizam qualquer tipo de atitude imoral, como tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Contrariando a atual postura do papa, inúmeros cardeais e religiosos menos graduados têm opiniões independentes e totalmente contrárias a razão e o bom senso, deixando claro que a pedofilia está longe de ser combatida a altura no seio da Entidade, enquanto o corporativismo for tratado como escudo e a mania perversa de relativar a doença em outros segmentos da sociedade, a tônica. Na oportunidade torna-se de bom alvitre verificar-se a postura adotada, mormente em procedimentos bem recentes, como por exemplo, quando o cardeal e secretário de Estado do Vaticano Tarcisio Bertone, aquele mesmo que mandou suspender o processo interno que uma arquidiocese americana havia iniciado contra o padre pedófilo Laurence Murphy, declarou, naturalmente. "Há relação entre homossexualismo e pedofilia. Essa patologia aparece em todos os tipos de pessoas e nos padres em um grau menor". Na visão deste Autor, parece que o nobre cardeal não gosta de estatísticas imparciais ou desconhece que a pedofilia da batina é algo indefinível, um estado de tetraplegia do espírito e os meninos surdos molestados por seu colega americano, apesar de não encarnarem o mito cristão, ainda hoje carregam sua utópica cruz sobre os ombros jungidos pela indiferença. Pedofilia caro senhor, onde quer que ocorra é crime hediondo, independente do grau menor que Vossa Reverendíssima afirma, "entre os padres". Os números não mentem!

Por ocasião da 48º Assembléia da Conferência Nacional dos Bis-pos do Brasil/CNBB, o arcebispo de Porto Alegre, dom Dadeus Grings, justificou o comportamento repulsivo de seus colegas de batina, profetizando cinicamente que a "sociedade atual é pedófila". Na tentativa de "arrumar a casa e fazer o dever da escola", dentro de uma empolgação sectária e insana afirmou que entre outras categorias (professores, médicos e empresários) existem mais pedófilos do que no clero, como se a miséria fosse uma questão de estatística, ou ranking de premiação. Meu deus do céu! Parece que o sacerdote ainda se encontra na escuridão da Idade Média, em plena Inquisição religiosa. Mensurar a pedofilia, dom Dadeus, medir com uma régua a sua incidência nessa, ou naquela categoria, é uma postura tão fria e perversa quanto à própria doença em si. Quando Vossa Reverendíssima refletir melhor, vai concluir que perdeu uma grande oportunidade de ficar calado. Pedofilia, dom Dadeus é crime bárbaro onde quer que ocorra, mas hediondo quando chancelado por uma batina! Na ocasião do cortar na carne, esse lídimo representante de Cristo na Terra foi autêntico, pois defendeu enfaticamente a hierarquia eclesiástica que não denuncia os pedófilos à Justiça. Nesse momento, ele deve ter lembrado o padre Peter Hullermann, e a acolhida que foi dado ao mesmo na arquidiocese de Munique, na Alemanha, através de seu titular, o atual papa Bento XVI. Nota-se, que não é só na política que existe o dengo, o afago, ou a certeza de que uma mão lava outra, e ponto! Aleluia!

Continuando no mesmo diapasão e "emendando o soneto", uma vez que dom Dadeus evoca a tese do "bom selvagem", do filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), na qual a sociedade é culpada pelas ações criminosas de seus integrantes (por corrompê-los), outro emérito representante da Igreja, dom Angélico Bernardino, bispo de Blumenau, lembrou novamente desse pensador, trazendo a baila, o conceito de que tudo é relativo. Pois bem, nas suas declarações cavilosas, esse representante de Cristo na Terra, lembrou haver diferenças entre o ataque do pedófilo a uma criança, e essa mesma agressão a um adolescente. Uau! Quão perfeccionista, estrategista ou tático? Na oportunidade este Autor se rende a voz da razão, pois como refutar a experiência de dois mil anos de pedofilia? Seria uma insensatez! Uma agressão a lógica! As declarações desses religiosos constam da seção Semana, Isto É, de 21/04/2010 e da matéria, "O pecado de dom Dadeus", veiculada na revista Veja, edição de 12/05/2010. Há bem pouco tempo, nesse mesmo semanário, foi a vez do arcebispo de Olinda e Recife dom José Cardoso Sobrinho referindo a estupro referindo-se a estupro e pedofilia emitir o seguinte conceito: Eu não estou dizendo que o estupro e a pedofilia são coisas boas. Mas o aborto é muito mais grave e, por isso, a Igreja estipulou essa penalidade automática de excomunhão. Na visão desse Autor e independente de balanças ou fórmulas matemáticas e algébricas, qualquer crime contra a vida é grave e a pedofilia no clero, indefensável, execrável. Um pedófilo (em qualquer categoria, ou segmento da sociedade) mesmo não tirando a vida física da vítima, converte a mesma em um farrapo humano, roubando-lhe para sempre a infância, a identidade, a alegria e transformando-a num futuro agressor, em potencial. Mensurar o aborto como um crime mais grave, por isso ou aquilo é simplesmente uma questão de dialética, jogo de palavras, ou um posicionamento tão frio quanto a pedofilia.




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