sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A VIDA EFÊMERA DE UM POETA BISSEXTO



         Deixando um pouco de lado os temas favoritos (política e religião) e que fazem parte de uma longa trajetória de pesquisa, vez por outra, ou quando bate a inspiração este Autor, um poeta bissexto por excelência, coloca no papel o impacto duma saudade, uma lembrança, ou algo que aconteceu e marcou sua vida, do seu círculo proximal, ou do “mundo” onde habita. E foi justamente nesses termos, e dentro de um cadinho totalmente díspar dos assuntos principais e diuturnamente abordados, que surgiu algo mais ameno ou mais humano, numa existência marcada pelo “medo de deus e a espera da morte”.

A série de Poeminhas (Indissociáveis e Indivorciáveis) foi publicada na coletânea , e que faz parte da obra: MIASMAS DO PODER E OUTRAS FRAGRÂNCIAS, 409 páginas, o Volume II da trilogia: A Forja do Cinismo, editada em 2006 e devidamente registrada na Biblioteca Nacional.

Os “poeminhas” são instantâneos do cotidiano, ou algo que assalta a gente a qualquer momento, principalmente quando não se tem um lápis ou papel pra registrar esse ESTALO da mente, principalmente nas madrugadas longas e nos bares da vida.

Como o Autor, vez por outra também escreve poemas mais longos, anexa a presente amostra: uma poesia sobre a perversidade da Inquisição promovida pela Igreja, um poema sobre a ditadura militar mais recente, e onde obteve a 3ª colocação, em um certame realizado em Paranavaí/PR, em 1979, um instantâneo sobre a política nossa de todos os dias e uma carta/poema endereçada a sua mãe, já falecida.

A Crueldade da Inquisição da Igreja (cristã e católica), fartamente abordada em outra trilogia (Jesus e o Cristianismo, ou 20 anos de pesquisa, 174 obras consultadas e 1600 páginas produzidas) também de sua autoria traz a público um castigo monstruoso, ou quando uma mulher pariu sobre uma fogueira, onde era queimada e tentou salvar a vida de seu rebento. 

E a regra pirateada do budismo, do zoroastrismo, do bramanismo, dos escritos rabínicos e de Confúcio há mais de 6 mil anos era: Não façais aos outros, o que não quereis que a vós seja feito.

O suplício de Perrotine Massy e suas filhas consta das crônicas da época, e foi registrado na magistral obra de Victor Hugo: Homens do Mar. É triste constatar-se, mas o homem é apenas isso e fanatizado é capaz de tudo!

O poema sobre o período de exceção foi escrito numa época de muita escuridão e medo, e quando o aparelhamento da sociedade aterrorizava a todos os que pensavam de forma liberal, e que não obedeciam às ordens emanadas da caserna. O título do poema é INVOLUÇÃO, um alerta bem simples sobre o que o petismo tenta fazer no contexto presente, ou desde a sua infiltração na Máquina do Estado.

O comentário sobre política versa sobre as diferenças entre ricos e pobres, entre o SUS e as clínicas caras e particulares, ou ainda sobre as délivrances da filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1995 e uma eleitora anônima e pertencente ao povo, e que ajudou a colocar esse político no poder. Na época este Autor transformou as duas situações num poema de protesto, todavia, como não o encontrou em seus arquivos, colocou-o em termo de prosa, todavia, contendo e mesma “essência”, nesse caso apodrecida.

Por último, nada melhor que terminar esse colóquio íntimo com o desabafo entre um filho e sua mãe, um algo bem pequeno, mas que assume proporções gigantescas, dependendo do tempo, do local e das circunstâncias. Se gostarem avise, e prometo que voltarei com outras. 

NOTA: Todos os ensaios ou trabalhos constantes nesse blogue fazem parte das trilogias: A FORJA DO CINISMO (O Inquilinato do Poder, Miasmas do Poder e Outras Fragrâncias e O Oportunismo do Poder) e JESUS E O CRISTIANISMO (Política, Religião e História, A Construção do Mito e Anatomia de uma Farsa), a venda pelo email: josepereiragondim@hotmail.com 

POEMINHAS INDIVORCIÁVEIS



1) POEMA PRÁ AMANTE
Ame sempre algo maior que sua estrela
Ame, portanto algo maior que a sua condição
(física, psicológica, financeira, etc.)
No dia dos dias, você terá duas vidas
Sua vida e a vida de alguém.

2) POEMA PARA O AMIGO
Seja amigo de alguém na vida
Da vida de alguém que o mundo baniu.
Seja alguém na vida desse amigo
Os amigos são raros, o mundo é grande

3) POEMA PARA O AMOR
Ame aquilo que os homens nunca amaram
Algo que aos homens cause náuseas
Pois só assim o seu amor será infinito
Terá o tamanho do amor plenitude.

4) POEMA PRÁ BEBIDA
Sente-se e beba só, ou na solidão de outrem
Sente-se consigo, ou consiga
Alguém para consigo beber.
Álcool e éter jamais conciliarão suas penas.
Suas penas jamais serão conciliadas num sentar.

5) POEMA PARA O CIGARRO
Os círculos diáfanos de fumaça preguiçosa
Ávida de bronquíolos e coronárias
Servem como um lenitivo inverossímil
Para o tédio, a saudade, o medo, a apreensão
Conduzindo-o mais cedo a “grande jornada”
Por isso, no instante em o que vício
For maior que o controle, sobre si próprio
Acenda o cigarro, ignorando a ardência no peito

6) POEMA PRÁ CONFIANÇA
Quando o sol do deserto
Exacerba a sede
E o cansaço embota os sentidos
A tenacidade aumenta  

7) POEMA PARA O FILHO
Veja em seu filho o filho de seu pai
Veja em você um filho de um momento
Veja no mundo a equação de um fato
Onde os números desaparecem e
As incógnitas perduram

8) POEMA PRÁ FORTUNA
Na maioria das vezes
Quando se tem algo no “momento”
Jamais se consegue a conciliação do momento
Dentro de uma “existência”
9) POEMA PARA O IDIOTA
Rabisque suas idéias num papel e
Queime-as a luz da primeira chama.
Copie as idéias dos outros e
Guarde-as no bolso.
Misture-as:
Esconda-se atrás da porta
Ou siga pelo mundo, tal qual
A fumaça de uma queimada.

10) POEMA PRÁ MADRUGADA
A exemplo dos astros, comande a noite
Escolha dentre as constelações
O lume dos seus dias
Todavia volte rápido, pois a noite é curta.
Por mais brilho que encontre, ou que traga
Uma única madrugada em claro
Irá colocá-lo no lugar que lhe cabe
No lugar que você construiu.

11) POEMA PRÁ MULHER
Você jamais será dona de alguma coisa
Quando algo ficar nas entrelinhas
Quando algo ficar em suas mãos
E escapar-lhe por entre os dedos.

12) POEMA PARA O OLHAR
Olhe alguém fortuitamente
Olhe alguém fitando nos olhos
Fite a si próprio de olhos cerrados
E veja no espelho da alma
O magnetismo do seu olhar

13) POEMA PARA O PALHAÇO
Ame no palhaço a virtude única
De gozar, no gozo dos algozes
O riso cristalino dos puros, dos loucos
Das consciências vivas, lúcidas
Da vida que em vão tentamos levar

14) POEMA PRÁ SOLIDÃO
Fique sozinho na solidão
Fique na solidão no meio de muita gente.
Talvez aí, você se encontre mais só
Que na solidão pra consigo mesmo.

15) POEMA PARA O SORRISO
Veja o seu sorriso num espelho
Veja o seu sorriso no rosto de alguém
Subtraia um do outro:
Veja agora o sorriso de sua alma
A soma dos problemas, alegrias e incertezas.


NOTA: Esses "poeminhas" (Indissociáveis e Indivorciáveis) fazem parte do opúsculo , contido na obra Miasmas do Poder e Outras Fragrâncias, 409 páginas, e o Volume II da trilogia: A FORJA DO CINISMO, a venda pelo email josepereiragondim@hotmail.com

POEMINHAS INDISSOCIÁVEIS:



1) POEMA PRÁ APARÊNCIA
Parece mentira, mas as pessoas lutam tanto
Para apresentar uma boa imagem, na sociedade de consumo
Que esquecem a finalidade de existir
Passando a vagar inócuas e vazias
Num mundo de ilusões descoloridas
2) POEMA PRÁ “CIDADANIA”
Tudo na vida é uma questão de conveniências
Onde os poderosos se impõem aos fracos
E estes tudo acatam servilmente
Desde que “usufruam vantagens”
Aplacando a fome da barriga”
Apaziguando “interesses momentâneos” 
E sociabilizando a ignorância de cada um
3) POEMA PRÁ CONVENIÊNCIA
Quase sempre a realidade dos fatos
Obedece a parcimoniosa lei das conveniências
Somente atingindo a “idade da razão”
Quando não mais interessa ao momento
Servindo apenas de referência cronológica
No desenrolar do tempo
  
4) POEMA PARA O DESEMPENHO

O grande trauma do homem atual
Reside na inoperância de desempenho no cotidiano
Que ele tenta fechar na mão
Mesmo sabendo que lhe fugirá por entre os dedos
5) POEMA PARA O DESPERTAR
Quando a brisa cicia
No “ouvido da floresta”
O incomensurável mistério da vida
O homem desperta
6) POEMA PARA O EQUILÍBRIO
Parece fugir a lógica
Mas, é impossível dizer-se
Que se gosta totalmente de alguém
Quando não se vive em paz
Na condição de vida em que se vive
  
7) POEMA PARA O ESPÍRITO

Quando a fonte mitiga
O sofrimento físico
O espírito cresce
E a vida encontra sentido
  
8) POEMA PRÁ INÉRCIA (OU PREGUIÇA)

Quando o homem se acomoda
Tudo na vida perde o sentido
E seguindo um processo normal
O que é vivo empapa
O que não tem movimento
Cobre-se de poeira ou ferrugem

9) POEMA PARA O POLÍTICO
Quando se ingressa num meio
Onde, quase sempre, a podridão é o ponto final
Torna-se necessário integridade e fé em si próprio
A fim de passar ao largo desse abismo, não se tornando
Mentiroso, desonesto, hipócrita e indigno
Mesmo sabendo que a caterva seguirá nessa direção
Comungando desses objetivos
E percebendo, cada um, o seu “mensalão”
10) POEMA PARA PRUDÊNCIA
Se você pensa um dia
Voar livre como a andorinha
Lembre-se de que existem gaviões
No mundo alado

11)POEMA PRÁ RAZÃO
Quase sempre, no contexto em voga
A razão não figura ao lado da verdade
Mormente quando se trata do “ter e do não ter”

12) POEMA PRÁ REALIDADE

Ser risonho, aparentar alegria
Não indica que se é feliz
Pois trabalhar no “erário”, não implica
Necessariamente
Ser o dono da fortuna

13) POEMA PARA O REINÍCIO
Quando a areia da praia
Acolhe o cansaço do náufrago
A vida recomeça

14) POEMA PARA O RIDÍCULO
A única maneira de fugir-se ao ridículo
É fitar sempre algo mais alto
Que a altura comum
Que proporcione a cabeça uma posição correta
E aos olhos um campo ilimitado

15) POEMA PRÁ SERENIDADE
Nem sempre na vida que se vive
A disposição das coisas obedece
O rígido critério do “cada um em seu lugar”
Cada panela com sua tampa


NOTA: Esses "poeminhas" fazem parte do opúsculo , contido na obra Miasmas do Poder e Outras Fragrâncias, 409 páginas, Volume II, da trilogia: A FORJA DO CINISMO, a venda pelo email josepereiragondim@hotmail.com