terça-feira, 2 de agosto de 2011

QUEM NÃO TIVER CULPA ATIRE... ...A 1ª PEDRA?... AMADO MESTRE!



No início de uma semana qualquer, pois a desgraça não tem dia certo pra ocorrer na rota do segmento mais pobre e desprotegido de uma sociedade abandonada à própria sorte, o lado apodrecido dos meios de comunicação nativo teve motivos de sobra para exercitar o terrorismo, com requintes de perversidade e perfeccionismo doentio. Pois bem: segundo esses arautos da miséria, e nos programas de futricas, nos jornais sensacionalistas e na coluna policial foi aberto um espaço generoso ao extremo, a fim de tornar público através de desmedido furor, um instantâneo de ignorância e miséria. De repente, assumindo a postura de quem descobriu a roda ou a pólvora, um apresentador, apresentadora, ou colunista insano descreve para telespectadores ressabiados com tanta violência no Brasil, uma briga de jovens colegiais de escolas pobres, ou de periferia.

A ênfase maior desse fato lúgubre é conferida a mãe de uma das brigonas que orgulhosamente desempenhava, um subemprego nesse Estabelecimento de Ensino, onde muito pouco se aprende. A partir daí, e constatado através da gravação de um celular anônimo, essa senhora do povo, aos gritos, estimula a filha pra que bata com vontade na adversária, ou oponente, ou mesmo, inimiga. Nas escolas particulares e que atendem a classe mais abastada isso não existe e, por acaso ocorrendo, é resolvido de outra forma “boa ou ruim”, até porque ninguém é santo, ou de bronze.

Nesse momento, como num passe de magia louca, deliberadamente são escamoteados (por questões de pura sobrevivência) os grandes escândalos de administradores insaciáveis com a Coisa Pública, como o aumento inexplicável do patrimônio de um Ministro de Estado, anteriormente envolvido em encontros nada republicanos, com empresários e prostitutas, na Capital de um poder sem crédito, e inúmeras outras falcatruas de um dia-a-dia cinzento.

Os atritos entre crianças, longe da análise de fariseus prolixos e especialistas no assunto são faces de uma cultura alimentada por todos nós no interior da nossa casa e quando os nossos filhos voltam da escola, ou da rua “apanhados”. Longe das câmaras fotográficas e dos telefones celulares, a gente ameaça de forma messiânica: da próxima vez, se você não bater nesse colega brigão, você apanha na rua, ou na escola, e também em casa!

 Todavia, segundo a ótica abalizada de psicólogos, cientistas, pedagogos e analistas dos “problemas da casa dos outros”, o fato acima descrito é um crime tipificado como estímulo a violência, um comportamento imperdoável, uma falta grave. Muito bem! A pobre menina, mesmo ganhando a briga deve ter sido advertida, suspensa ou expulsa de uma escola onde nada se transmite e, de quebra será marginalizada no sistema. Enquanto isso pasme; a mãe (e estimuladora da bagunça) já perdeu o emprego, pois segundo o princípio latino: “dura Lex sede Lex, ou, a lei é dura, mais é lei”.

A coisa seria risível, não fosse o reverso da moeda, o lado obscuro do contexto, senão vejamos. Os envolvidos no mensalão petista, bem como os signatários da edição mais recente, ocorrida no governo do Distrito Federal, apesar de incriminados por uma série de testemunhos verbais sérios, provas escritas fidedignas e filmagens em alta definição, ainda hoje levam uma vida normal na política, no governo, valendo salientar que a maioria, além de elegerem-se deputados e senadores, ainda são agraciados com diplomas e altos cargos dentro do organograma do Congresso. Aleluia, deus é pai!

É incrível e não dar mais para disfarçar, mas, “quanta rapidez as nossas autoridades demonstram, quando se trata de justiçar, ou castigar o pobre”. Os poderosos simplesmente gravitam noutro “universo”, mesmo sabendo-se que esse exemplo é péssimo, pois estimula entre os facínoras de ofício ou assumidos, certo princípio rudimentar: “se ele pode, se ele faz e nada acontece, por que não eu?” A partir daí, "quem for podre que se quebre, ou salvem-se quem puder!"

Passada a euforia ou esquizofrenia moralista, dessa justiça draconiana para com uma mãe de família pobre, talvez analfabeta, ou mesmo embrutecida pela miséria, pela violência doméstica ou governamental, pergunta-se:

1)      O que é feito por nossas autoridades, contra os violentos ricos, corruptos e ladrões de colarinho branco que agridem o povo acintosamente, deixando claro que não existe lei para os poderosos?

2)      Por que os indiciados por desvio do dinheiro público, formação de quadrilha, enriquecimento ilícito e outros delitos, ao invés da cadeia são agraciados com um mandato eletivo e outros dengos?

3)      Na perversidade do emprego secreto no Senado Federal, quantos perderam a boquinha e devolveram algum dinheiro ao Erário?

Este Autor poderia apresentar inúmeras proposições, ou interrogações, todavia, não chegaria a nada, pois o sistema é podre “in vivo e in vitro”, enquanto os donos do poder, protegidos por redomas ou couraças, inexpugnáveis. Por tudo isso, a violência conjugada por essa mulher pobre é uma gota d’água num oceano de irresponsabilidades e injustiças, para com os menos privilegiados de um sistema hipócrita. No entanto, pelo menos nesse caso a justiça foi feita, pois a mãe da menina brigona foi desempregada em caráter de urgência e teve o pão diminuído, numa mesa frugal por excelência.

Enquanto isso, na tribuna do Congresso Nacional, o atual Senador da República Fernando Collor de Mello numa sessão realizada em 10/08/2009, adianta a seus pares um projeto estranho ou grande proeza de seu mandato, através de um comentário agressivo, deselegante e direcionado ao colunista da Revista Veja, Roberto Pompeu de Toledo. Na impossibilidade de tiros (como dantes), o uso de fezes:

"Venho obrando, obrando, obrando em sua cabeça. Para que alguma graxa possa melhorar seus neurônios"

Por isso tudo, na ausência de apartes e, quando nenhum político, psicólogo, religioso, ou acadêmico taxou de agressão, de violência, falta de respeito, de decoro ou de educação essa sua fala inusitada (talvez comum em ambientes periféricos e miseráveis), pois obrar, da maneira como foi empregado por esse parlamentar e ex-presidente de um País excessivamente maltratado significa (segundo o dicionário Aurélio) defecar ou cagar, no vulgo.

Nessa mesma tribuna, e numa sessão realizada no distante ano de 1914, ou há 97 anos passados, um outro senador nordestino e do povo brasileiro - Rui Barbosa dirigiu-se aos presentes de forma sábia e altaneira, e diametralmente oposta a triste realidade da "ditadura do operário" no momento em voga:

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".

Analisando todo o contexto acima descrito, pergunta-se do leitor onde estará a violência maior? No desespero dessa pobre mãe ou na intolerância desses senhores onipotentes e signatários de ações, nada condizentes para com a ética e a racionalidade. Nessas alturas, o leitor deve está se interrogando, onde a religião entra nesse enredamento de maldades. Pois bem: política e religião são instrumentos de dominação, alimentados pelo fanatismo e a ignorância da massa, e, deslocando-se inexoravelmente, na busca do poder e das benesses do fasto. Só isso apenas!



NOTA: Esse ensaio faz parte do 3º volume da trilogia Jesus e o Cristianismo (Anatomia de uma Farsa), a venda pelo email: josepereiragondim@hotmail.com

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