sábado, 3 de setembro de 2011

A DITADURA DOS SINDICATOS




Na longa caminhada em busca do poder e as benesses do fasto (para si e toda companheirada), ou numa oportunidade onde fez valer o aprendizado adquirido na administração de sindicatos, o presidente Lula foi enfático ao afirmar, que se um dia adentrasse ao governo iria ensinar como se faz política. Esse oráculo mambembe desferido nos palanques de campanha, num ambiente de total desrespeito ao eleitor consciente, onde bravatas, deboches, cargas d´água e conversas pra boi dormir são apresentadas como coisas sérias, e aplaudidas por políticos oportunistas e politiqueiros sem futuro, não chegou a impressionar a grande massa, preocupada apenas com o saciar momentâneo da fome barriga. Isso tão pouco, serviu de alerta ao segmento pensante de uma sociedade anestesiada desde muito, todavia, vitimada por um canto de sereia contínuo e a quimera de que pessoas eminentemente simples, também fossem modestas e probas, por ocasião do tratamento da Coisa Pública. Ledo engano, ou erro mortal; o leitor é quem decide! A superação do medo de ser feliz era o despretensioso convite de um sem número a uma multidão de desavisados, totalmente ignorantes à experiência do Imperador Francês Napoleão Bonaparte, o qual vaticinara há mais de um século que: "um Chefe de Estado não deve ser chefe de partido, ou que todos são sensíveis a percentuais"

Pois bem: desde 2003 o Estado brasileiro vem sendo aparelhado pelo Partido dos Trabalhadores/PT, e muito embora isso venha sendo denunciado pontualmente, através do segmento isento da mídia, entretanto, a invasão ou a ocupação de cargos vitais no Serviço Público, tem sido, talvez, o único plano de governo apresentado e cumprido pelo PT, ao longo de 2 mandatos presidenciais. A revista CONJUNTURA ECONÔMICA, edição de OUTUBRO/2003 Vol. 57, veicula matéria interessante e sintomática, A FARRA PETISTA, que fornece luzes sobre o assunto enfocado acima. Na revista Veja, edição 2181, de 08/09/2010, O ESTADO A SERVIÇO DO PARTIDO é um exemplo patente da ganância de pessoas sem escrúpulos que visam locupletar-se a custa do sacrifício do segmento comum e honesto. Apenas isso, só isso apenas!

"O desprezo pelas instituições é a marca deixada pelo governo Lula, através do: aparelhamento, cooptação de servidores e sindicalistas, favorecimento a aliados e perseguição a adversários, ou procedimentos hoje rotineiros em órgãos públicos, que deveriam zelar pelo bom funcionamento do aparelho estatal".

Tão logo desembarcou no poder, o PT colocou o Estado a serviço do governo e do partido, e desde 2003, as promoções de funcionários públicos não são mais baseadas no mérito, e sim na afinidade política. Promovendo uma indisfarçável e cínica agressão a Constituição Federal e um trabalho de sapa nocivo ao Estado de Direito estimulou a criação de cargos de confiança sem nenhum critério, e sua distribuição com apadrinhados, obviamente sem concurso público. A partir da data acima mencionada eles já somam mais de 21 mil, a maioria ocupada por militantes partidários dispostos a cumprir qualquer ordem que vise à perpetuação do partido no poder. Os sindicatos e a representatividade estudantil, que antes viviam a policiar o governo e a exigir melhorias nas áreas do emprego e da educação, hoje são meras caricaturas do que foram no passado funcionando como gigantesca máquina pelega movida, exclusivamente, com muito dinheiro público. Sem medo de ser feliz, quem diria! 

Todo o processo de destruição do Estado brasileiro segue o exemplo do ex-presidente Lula, o qual durante o exercício de dois mandatos deixou bastante claro o pouco respeito que nutre pelas regras básicas da democracia. Apesar de inúmeros amigos e integrantes do PT terem sido indiciados no mensalão e estarem às portas da cadeia, ele insiste em dizer que o escândalo não existiu, que foi no máximo, um esquema irregular de arrecadação de fundos, como se isso fosse algo honesto. Afora tudo isso, esse político tem o hábito de ignorar a culpa de amigos infratores, como ocorreu com a ministra Benedita da Silva, que voou a Argentina, com dinheiro público, para participar de um encontro com irmãos evangélicos. Uau!

Segundo o cientista político Octaciano Nogueira, da Universidade de Brasília: "Lula não tem nenhuma preocupação com o Estado e acha que a popularidade o autoriza a fazer o que quiser". O próprio Lula, vez em quando acrescenta algo deprimente a história do Brasil, como na defesa intolerante do Presidente do Senado Federal, recente-mente: "Sarney tem história suficiente para que não seja tratado como uma pessoa comum". Justamente em função dessa total apatia a ética é que os escândalos se sucederam amiúde, entretanto, seus protagonistas continuaram prestigiados e influentes no governo. Como exemplo torna-se de bom alvitre lembrar os casos de: José Dirceu e a quadrilha do mensalão, Antônio Palocci e a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Pereira e a própria presidente eleita Dilma Rousseff envolvida na elaboração de dossiês e na tentativa de controlar uma investigação da Receita Federal contra a família Sarney

Nessas alturas dos acontecimentos, a Controladoria Geral da União/CGU ruge bem alto, mas, para o bem de todos e felicidade geral da nação petista, tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. A CGU e o ministro Jorge Hage são objeto duma reportagem esclarecedora veiculada pela revista Veja edição 2201, de 26/01/2011. Como produto genuíno do esforço dessa Entidade, basta lembrar ao leitor que na sindicância aberta contra a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, e o recebimento de propina por seus familiares, além de outras falcatruas salientes e indigestas, nada foi encontrado que desabonasse a conduta dessa companheira de fibra. É por isso que, diante desse quadro lúgubre: "hoje, qualquer funcionário público se julga no direito de cometer ilegalidades, pois sabe que, no fim será protegido pelo esquema petista".

"Quando um partido ganha as eleições e chega ao poder, a presidência ou a outra função similar preenche os cargos dando preferência a quem é do mesmo partido, pois isso, embora errado é uma tradição no mundo todo, desde que o cão era menino e Adão cadete. Entretanto, sob o comando de Lula, o PT e os sindicalistas promoveram a ocupação implacável da máquina pública, e, quando essa engrenagem passou a ser controlada por pessoas ligadas umbilicalmente a um partido político, e este, a sindicatos, acabou de ser criado um poder independente no país".

No interior dessa bagunça, pois não se pode taxar tal monstrengo disforme de administração da Coisa Pública, os vícios do corporativismo, das inclinações políticas e dos interesses comuns da burocracia oficial valem mais do que as leis. Nesses termos, seus integrantes estão sempre de acordo sobre as grandes questões políticas e obedecem cegamente a um líder carismático. Eles se comunicam remotamente e coordenam suas ações orientados pelo instinto de sobrevivência e o fascínio pelas benesses do fasto, pois mesmo sem trocar palavras sabem, caso a caso, o que é do interesse maior do grupo e agem de acordo com ele. Em seu estágio final, essa hierarquia paralela se organiza como uma sociedade secreta e resiste até mesmo à alternância do poder político. Esse quadro ruinoso já se abateu antes sobre muitos países, moendo as engrenagens de funcionamento da democracia e resultando no assalto final ao estado por um grupo hegemônico. 

O desembarque de Lula e do PT no mando deixaram o Brasil mais vulnerável, ou numa situação de esgarçamento do tecido administrativo irreversível, totalmente díspar da condição vivida, até dezembro de 2002. O expediente nocivo da colocação de gente nossa em postos-chaves, aos quais já se chega sabendo a quem se deve fidelidade é chamado de APARELHAMENTO DO ESTADO. Nas coisas mais simples, as entranhas fétidas desse processo asqueroso assumem posição de realce, e não adianta bradar-se por justiça, uma vez que todo o sistema arqueja, resfolegando em cima da certeza perversa, onde a vontade de um bando é a lei existente. O arquivamento compulsório do caso Valdomiro Diniz, a ausência de culpados, na quebra do sigilo bancário de um simples caseiro, em Brasília, a inexistência de réus na compra de dossiês, através de elementos taxados de aloprados, na eleição presidencial de 2006 é um dos resultados dessa imoralidade. Na oportunidade torna-se imperativo lembrar, o triste episódio da quebra do sigilo fiscal de vários cidadãos brasileiros, recentemente, e a postura adotada pela Receita Federal, Ministério da Fazenda, Polícia Federal e até o Gabinete da Presidência da República, que atuaram de forma coordenada no episódio, entretanto, no sentido de ocultar suas reais facetas.

Por meio de uma impecável, extraordinária e oportuna reportagem investigativa (O Partido do Polvo), veiculada na edição nº 2181, de 08/09/2010, a revista Veja, se propõe a quantificar a extensão do avanço do aparelhamento partidário e corporativo sobre a administração pública federal, uma verdadeira catástrofe orquestrada pelo PT.

"Desde 2003, quando Lula chegou ao poder, seus seguidores aceleraram uma operação de conquista dos postos-chaves do Estado que, aliás, já vinha sendo disciplinadamente seguida em governos anteriores sem que se soassem alarmes".

Pois bem: acometidos de uma sede braba que nenhuma água de pote seria capaz de mitigar, a companheirada foi a luta, e dos 40 cargos mais cobiçados do governo, os partidários de Lula e filiados ao PT sorrateiramente ocuparam 22, ou mais de 50% desse inolvidável butim. Encarapitados nesses postos eles passaram a controlar orçamentos anuais que, somados, chegam a 870 bilhões de reais, uma cifra que representa um quarto do produto interno bruto brasileiro. Na oportunidade torna-se de bom alvitre levar ao conhecimento do leitor, que 25% da riqueza nacional está sob administração direta de quadros partidários e ligados a sindicatos e centrais sindicais, todos comprometidos com um programa duradouro de poder. 

No livro, A Elite Dirigente do Governo Lula, da cientista política Maria Celina D´Araújo, essa pesquisadora deixa bem claro, o que atualmente está ocorrendo no bojo da sociedade brasileira, com resultados nefastos pra quem tem os olhos abertos, a cabeça em cima dos ombros, e esperava que as promessas de palanque fossem algo sério, vejamos. "Mesmo que, com a eleição de Lula, fosse de esperar que os sindicatos ficassem mais perto do governo e do Estado, esses dados chamam a atenção. Num país conservador como o Brasil, a presença tão significativa de profissionais sindicalizados nas altas esferas do governo parece destoante". 

"Com o preenchimento dos cargos especiais de Direção e Assessoramento Superior, as famosas DAS 5 e 6, atualmente contando com 1219 vagas, ou boquinhas, os governos formam o que se poderia chamar de núcleo duro da administração".

Antes do advento de Lula e do PT, esses cargos eram ocupados em parte por indicação política, já que a maioria dos postos era reservada para especialistas de reconhecido saber técnico. Contudo, no governo Lula, 45% desses cargos foram entregues a sindicalistas, sendo que, entre eles, 82% são filiados ao PT. Para garantir o controle sobre a distribuição de cargos de confiança, o Palácio do Planalto concentrou na Casa Civil o poder de aprovar todas as nomeações no Executivo, dando aos petistas a absoluta maioria dos ministérios - em número desproporcional a sua representação no Congresso. Tratar o Estado como se fosse o partido é uma liberalidade a que poucos governantes se entregaram tão alegremente quanto Lula o fez nos seus 8 anos de governo, ou dois longos mandatos. A noção de Serviço Público foi substituída nos escalões superiores da burocracia federal pela fidelidade ao projeto de poder do presidente Lula e de seu partido.

Os servidores passaram a agir como funcionários camuflados: apesar de oficialmente desempenharem tarefas públicas e terem remuneração paga pelo Estado (ou seja, por todos os contribuintes) dedicam-se a cumprir objetivos táticos e estratégicos definidos pelos líderes de sua sigla. Essa lógica foi aos poucos escorregando pelas engrenagens da máquina pública até atingir os escalões intermediários. Um cruzamento de dados realizados pela revista Veja mostrou que 6.045 servidores federais de alto nível se filiaram ao PT desde o início do governo Lula. Sete em cada dez dos convertidos tiveram a carreira turbinada, e, em pouco tempo foram elevados a postos de chefia ou receberam alguma promoção. A filiação ao partido, e não a qualificação técnica foi o dado essencial para a promoção desses funcionários.

"Quando o presidente Lula deu fim à diversidade de afiliações políticas que era respeitada nos outros governos democráticos, ele não apenas eliminou do serviço público uma vacina contra a intolerância e a radicalização política como também comprometeu a vigilância da própria máquina. As instituições do Estado passaram a ser subservientes aos interesses do governo do PT - e não do restante da população, diz Maria Celina D´Araújo".

A Constituição Federal garante a qualquer cidadão brasileiro (seja ele funcionário público ou não), o direito de se filiar ao partido político que bem entender. Seguindo nesse mesmo diapasão, o que a democracia não tolera, contudo, é o apoio ao governo de plantão motivado exclusivamente pela carteirinha partidária. Entretanto, o que se observa na prática, talvez por uma questão de sobrevivência, pois ninguém perde sua sinecura dando vivas é a migração de um sem número de oportunistas para o partido no poder (a convite ou por iniciativa própria). 

Nesses termos (e tentando agradar), esses novos sabujos são mais reacionários do que aqueles ligados ao patrão, pois, na maioria das vezes, ao invés de técnicos capacitados são pessoas capazes de tudo. No final do século passado este Autor participou de um Congresso de Citologia, na cidade do Recife, onde a expositora, por sinal muito competente, no final de sua peroração adiantou para uma platéia que ainda não caiu na real: imaginem vocês, hoje eu sou até petista!

Coincidentemente, a capital pernambucana desde essa época até o presente é um feudo do Partido dos Trabalhadores, e a falta de alternância de poder, em qualquer nível da administração pública, além de nociva é altamente perigosa, pois retroage ao coronelismo e outras práticas que o cidadão imaginava superadas e enterradas num passado remoto, sim senhor! Esse tipo de governo literalmente importado dos sindicatos nativos é algo que prioriza o dia de hoje relegando irresponsavelmente o amanhã, aos sobreviventes de um momento insólito. 

Para os atuais dirigentes do País, na sua grande maioria, ex-sindicalistas e arautos do caos (caso não chegassem ao poder), o impacto causado pelo desgoverno e o inchaço da máquina administrativa é um problema a ser resolvido pelas gerações futuras, pois a eles o que interessa é o bem-bom do poder e as benesses do fasto. O dia seguinte, pelo visto, não chega a sensibilizar a patota, pois a eles, indiscutivelmente interessa o momento, a oportunidade de ser alguém na vida, embora o preço cobrado as gerações futuras seja catastrófico. E, daí!

"Segundo o cientista político Pedro José Floriano Ribeiro, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o Partido dos Trabalhadores pode hoje se encaixar na definição de partido cartel: retira cada vez mais do Estado recursos vitais a sua sobrevivência. Segundo ele, a forma de convencimento de entrada no partido é hierárquica, vindo dos altos dirigentes, deputados, ministros e prefeitos, até chegar às lideranças locais, especialmente diretórios municipais e vereadores. ‘No caso petista, os vínculos de dependência entre dirigentes e funcionários das instâncias são fortalecidos por um sistema de recrutamento altamente pessoalizado, que funciona na base do apadrinhamento ou do compadrio: lideranças indicam parentes, amigos e correligionários para os cargos da máquina’, explica. ‘Como não existem tantos cargos de confiança, são os funcionários de carreira que passam a ser atrativos. É importante que eles também se filiem ao partido que coordena aquela área do governo’, conclui o professor. ‘É óbvio que está se aprofundando um forte elo entre partido e burocracia estatal. O mundo passa a ser visto a partir dos valores do partido e dessa burocracia. E a máquina pública passa a se mover segundo essa visão partidarizada’, explica o filósofo Jose Arthur Giannotti". É a decadência, o início do fim!

Para quem estuda política internacional, a voracidade por cargos no PT não é um caso único, uma vez que já ocorreu na Alemanha nazista, através do Partido Nacional Socialista, de Adolf Hitler e na Espanha, recentemente, no bojo da experiência desastrosa do aparelhamento estatal, pelo Partido Socialista Operário Espanhol, na época do primeiro-ministro Felipe González. Na Rússia de Vladimir Putin e na Venezuela do caudilho Hugo Chávez, os governos também são dominados por funcionários umbilicalmente ligados ao Regime, todavia, a realidade desses países não é modelo a ser imitado, enquanto o futuro, sem nenhum exagero é sombrio. 

O processo denominado desnazificação, na Alemanha, somente foi possível pela derrocada do Terceiro Reich, ou quando o mundo tomou conhecimento dos objetivos asquerosos e sinistros, dessa tentativa insana de aparelhamento do Estado e o domínio do mundo. A atual realidade brasileira traz no seu bojo, imensa dose da intolerância dos regimes de exceção, mormente, no que diz respeito à crítica, ao funcionamento da imprensa livre e a existência de oposição a um grupo de pessoas pobres e oportunistas, que num desses caprichos do destino ou vacilo da sociedade ascendeu ao poder, saciando a FOME DA BARRIGA e a NECESSIDADE DE SER GENTE, de forma espetacular. Só isso!

Na oportunidade, torna-se de bom alvitre deixar claro que a grande decepção que acomete o segmento pensante da sociedade nativa advém da agressividade no comportamento dos signatários dessa trama, que arremetem contra os pilares da democracia, ao mesmo tempo em que posam de paladinos da ordem e da justiça. Uma grande farsa pode ter certeza! O problema é que nenhum país do mundo avançou sem uma burocracia de qualidade. No Brasil, há uma dicotomia, já que existem carreiras fortes e eficientes, especialmente na área econômica (como as ligadas ao Banco Central e Tesouro Nacional), e áreas bastante rudimentares (como a Receita Federal, onde, segundo o próprio corregedor-geral do órgão, se instalou um balcão de negócios para a compra e venda de dados sigilosos dos contribuintes). 

Onde falta carreiras estruturadas e com promoções definidas pelo mérito, a possibilidade de ingerência política é ainda maior. Quando esse quadro de aparelhamento começa a ser dominante no serviço público, como acontece no Brasil do PT, o Estado passa a servir apenas ao partido de um polvo cínico, gigantesco e insaciável, e não ao povo bom, honesto e incauto, um eterno pagador de impostos e imposturas.

O aparelhamento dum governo através de um partido político é deveras nefasto, embora traga vantagens efêmeras a um grande número de predadores, atualmente preocupados apenas, com a satisfação de suas necessidades mais primárias e imediatistas. Entretanto, o cotidiano da maioria dos cidadãos comum, daquele que gravita distante desse estado de coisas que endivida o espírito, é dificultado nas ações mais simples e impensáveis. 

Pois bem: num Estado aparelhado é bastante difícil procurar-se justiça, pois a grande maioria dos defensores foi empregada pelo poder, trabalha para o poder, ou espera uma oportunidade de o fazê-lo, daí não ser sensato insurgir-se contra um possível e futuro patrão. Nesses termos, a busca da cidadania fica complicada, pois não existe espaço pra cobranças legais, enquanto o mundo mágico da amizade, do compadrio e favores eleitorais toma corpo.

Nota-se que o momento presente, a exemplo de um meio de cultura no mundo dos microrganismos funciona como nutriente para a gestação de tipos emblemáticos, ou pessoas que desde muito abdicaram dos preceitos éticos trocando-os por um código de barras, pois se entendeu que a alma se restringe apenas as utopias religiosas. 

Uma vez que no universo das bactérias, as diversas cepas dessa espécie de ser vivo pressentem o momento adequado para usufruir da situação, e daí por diante passam a tirar vantagem em tudo, explorando o sistema até sua inexorável exaustão. No encerramento desse ensaio, este Autor não poderia deixar de lembrar, em hipótese alguma, a conceituação de T. Catalão, sobre algo presente no dia-a-dia de uma sociedade espoliada e totalmente descrente das leis e da ação da justiça, confira:

"Canalhas não nascem de árvores, são paridos, lenta e metodicamente, pelo ambiente que os alimenta... São úteis para girar a roleta do poder. A máquina, por ser impura, é lubrificada pela mentira – excrescência base do canalha... O cinismo dos canalhas atuais perdeu muito do decoro estético que embalava canalhas históricos. Atualmente são predadores vorazes sobre verbas públicas sagradas e mais violentos e ávidos na execução dos seus planos, não tendo o escrúpulo de, ao menos, poupar o leite das crianças... A imagem do canalha é tudo e, sob máscara pode alçar o trampolim da sua discutível e miserável glória, e por ela, no mundo das aparências, consegue forjar álibis, remover adversários, aliciar negociatas e até mesmo atingir ou colocar cúmplices em cargos estratégicos". Meu deus! Esse é o Brasil hoje!

Espera-se que caída à máscara, o povo passe a enxergar melhor, pois não existem paladinos e salvadores da pátria, apenas lobos travestidos em cordeiros esperando o melhor momento de dar o bote, imolando a pobre vítima, em nome do deus da canalhice, da propina, do MENSALÃO. AMÉM!




NOTA: Esse ensaio faz parte da obra “ANATOMIA DE UMA FARSA” (com 592 páginas), ou o Volume III da trilogia “JESUS E O CRISTIANISMO”, a venda pelo email: josepereiragondim@hotmail.com


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