sexta-feira, 30 de setembro de 2011

PRECE NATALINA




Quanta distância mãe
Mas seus olhos azuis, seus cabelos brancos
Preenchem a noite da minha insônia
Volvendo-me a infância e fazendo
Desse homem-menino, o menino dependente
Tantas vezes mimado e por demais compreendido

Quanta distância minha “velha”
Eu já nem conto às vezes
Em que quisera em seus braços ficar
Relembrando meus dias de criança
Talvez quando de “gatinhas”
Desfrutava dessa ventura, que o tempo roubou
Endurecendo a nós dois
Transformando o nosso peito em rochas
Afastando-nos em pólos distintos
Nessa vida curta e por demais agitada

Quanta distância “minha amiga”
Eu já nem ouço, você falar de você, como outrora ouvi
Quando às vezes me embalava cantando
E quando encontrava, na segurança do seu ar seguro
A falsa coragem de enfrentar o “saci”,
Algum “lobisomem” e um ou outro “papa-figo”
Ou o fim do mundo”, que povoava
Nosso tempo de uma infância “preguiçosa”
Às vezes mágica e repleta
De situações inolvidáveis e aconchegantes

Quanta distância mamãe
Por obséquio me informe, onde estarão sendo cantadas
As músicas que você tanto gostava,
Como: “Sertaneja”, “Branca”, “Coração Materno”
Onde andará o “Circo Nerino”, o meu velho pai, seu marido
As tardes de sol dos domingos, o jogo de bola na “pracinha”
Aqueles sábados, em que o almoço ia prá “bodega”

Não esqueça de me lembrar, por favor
Do sino da capela na missa das cinco horas, que nos acordava
As calças curtas e as meias amarelas
Os óculos de aro de aço e dona Francisquinha Almeida
Que apenas complementou a cartilha
Pois você já nos fizera conhecer o abecedário
Ao sair do berço

O que foi mãe?
Entornou o ABC das letras, com livro do amor?
Não! Não foi isso. 
Você se deu a sua maneira
Você na sua timidez de mãe e madrasta
Não leu os contos de fadas todos
Não viu aquele amor, que tem de sair do peito e ir à ação
Não transbordou em gestos, como “Maria a seu Jesus”
Na dureza do Calvário e nas agruras do sofrimento

Mãe! Sei que você se doaria igual a ela
Pois o amor de mãe e tão grande
Que o próprio Deus nos inveja, por não tê-lo sentido
Vivendo no seu Filho, a ventura sonhada
O direito de ser amado, de desfrutar do amor maternal
Prerrogativa inerente a todo filho

Sossegue minha “irmã”
Não estou a recriminar suas limitações
Não estou a pedir de quem deu tanto, um pouco que resta
Você amou a sua maneira
Todavia nos fez amar assim, como você aprendeu

Ó mãe, como seria diferente se de novo pudéssemos começar
Se criança voltasse a seu útero
E novamente sentisse os cuidados e o berço de príncipe
Que você teceu durante nove meses
Para esse ser, muitas vezes ingrato

Quanta distância mãezinha
Em termos de espaço e também de afinidades
Portanto, não contendo as lágrimas
E ciente da impossibilidade, de retroceder o tempo
Pelo menos nesse Natal, reiniciemos com um abraço de fé
A caridade que sobra em você
A humanidade em que você se revestiu
Rogando graças, por mais um dia nessa terra
E a exemplo dos inocentes, amemo-nos confiantes
Pois o céu foi feito para os pequeninos

Obrigado mãe, velha, minha amiga, mamãe, irmã, mãezinha
Hoje todos crianças, recomecemos uma vida nova
Nunca nos deixando dizer; novamente:
“Quanta distância mãe. Ó mãe, quanta distância”
“Mas; mãezinha obrigado”

Obrigado pela vida que você nos deu
Pelo que hoje somos e pelo amor que você nos tem
Abençoe-nos Mãe e que o espírito do Natal
Acompanhe os nossos passos, por todos os dias.
AMÉM! 

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