Enquanto a religião criava os mitos que lhe dariam sustentação no decorrer dos séculos, ou milênios, a política, por razões táticas ou estratégicas era também objetiva, gestando o seu ideário num espaço de tempo relativamente curto. Um exemplo patente dessa obstinação foi o mortífero estratagema que determinou a entrada dos Estados Unidos da América/EUA na Segunda Guerra Mundial, senão vejamos. O produto resultante dessa decisão funesta foi chamado de "ABC-1", e incorporado a um plano da Marinha recebeu o codinome "arco-íris Número Cinco". Atualmente com a liberação dos registros sobre operações de guerra no período, o cidadão comum e mortal teve acesso a informações perturbadoras sobre um plano considerado altamente secreto na época, e a respeito de assuntos demolidores elucubrados por mentes insensíveis e sideradas no coletivismo.
Segundo o entendimento desses especialistas na desgraça alheia, a receita adequada para a entrada dos EUA no conflito era criar algum tipo de situação extrema induzindo as potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) a atacarem alguma "propriedade" pertencente ao Tio Sam, obviamente fora de seu território. Isso seria o suficiente à manipulação da opinião pública, na medida em que transformava o País numa pobre vítima inocente. Era muita audácia! A grande expectativa desses estrategistas incansáveis girava em torno de um ataque alemão, todavia, se isso não funcionasse a contento, a outra opção constante no cardápio bélico era explorar a dependência japonesa. Essa política agressiva, embora revestida numa grossa película de cosméticos foi resumida num memorando do almirante Stark, Chefe das Operações Navais, ao presidente Roosevelt com o teor seguinte:
"Seria desejável entrar na guerra sob circunstâncias em que a Alemanha fosse a agressora e nesse caso o Japão poderia permanecer neutro. Entretanto, em geral, é minha opinião que os Estados Unidos devam entrar na guerra contra a Alemanha o mais cedo possível, até se as hostilidades com o Japão precisarem ser aceitas... Quanto mais cedo entrarmos, melhor."
Na oportunidade é interessante chamar a atenção do leitor sobre a frieza desses senhores na abordagem de um assunto perverso, que implicava na perda em vão de incontáveis vidas humanas. No interior da realidade brasileira de todos os dias, essa disposição para o combate é direcionada a conjugação do termo “vantagem”, em todos os tempos e modos, ou do nominativo ou ablativo. No intervalo dessas piruetas o mensalão é abordado com uma disposição invejável, para gáudio de políticos ladinos, corruptos de nascimento e oportunistas ao extremo. O transporte de dólares na cueca foi entronizado no panteão brazuka, na medida em que o mandatário vigarista se utiliza das meias, da calcinha, da bolsa e de sacos plásticos de supermercados, no transporte da pecúnia. Imediatamente a política administrativa distanciou-se das ações bélicas, aprimorando-se na podridão dos bastidores, por motivos óbvios, senão vejamos. Segundo o grande corso e Imperador Francês Napoleão Bonaparte, um grande conhecedor da arte da guerra, da fraqueza humana e das patifarias políticas: “não se vai buscar uma dragona no campo de batalha quando se pode obtê-la numa antecâmara”. E, isso é comprovado de forma soberba no rateio de ministérios entre candidatos derrotados, na distribuição de secretarias emblemáticas entre apadrinhados políticos e na criação de boquinhas companheiras, para cupinchas, bajuladores e apaniguados de um poder corrupto por excelência.
Mas, retomando o fio da meada, a sorte estava lançada e objetivando a provocação da marinha germânica, o presidente americano enviou navios da armada estadunidense para escoltarem comboios britânicos que transportavam suprimentos de guerra, mesmo sabendo que seriam alvos de ataque dos submarinos alemães. Decepcionado ante o excesso de cuidados da Alemanha, em poupar as naus americanas, Roosevelt ordenou a seus navios que entrassem no meio das batalhas entre britânicos e alemães, objetivando a criação de um mártir, ou vítima em potencial. No dia 17/10/1941 a oportunidade surgiu, quando o destróier americano USS Kearny socorreu um comboio britânico perto da Islândia, sob ataque dos submarinos alemães, sendo atingido por um torpedo e seriamente danificado. Dias depois desse incidente, por ocasião do discurso anual no dia da Marinha, em Washington, um presidente exultante vociferou histérico:
"Temos evitado o envolvimento no conflito, mas um navio nosso foi atingido, e a história registra quem atirou primeiro. Ao longo prazo, no entanto, o que importará é quem fará o último disparo. A América foi atacada. O USS Kearny não é simplesmente um navio da Marinha. Ele pertence a todo homem, mulher e criança deste país... O torpedo de Hitler foi dirigido a todo americano".
Todavia a bravata durou pouco, uma vez tornar-se público e notório que o Kearny procurou o combate. Enquanto a massa, já escaldada perdia o interesse pelo evento, forçosamente (ou taticamente) Roosevelt desistia momentaneamente da retórica bélica. No entanto, um gongo soou nas mentes coletivistas: "era hora de envolver o Japão na querela, e estava claro que a trama teria de envolver mais de um navio". O Secretário de Guerra americano Henry Stimson, um membro do Conselho de Relações Exteriores/CFR anotou em seu diário:
"Entretanto, apesar do risco em deixar os japoneses dispararem o primeiro tiro, percebemos que, de modo a ter o pleno suporte do povo americano, era desejável garantir que eles seriam os primeiros a fazer isso para que não pairassem dúvidas na mente de ninguém sobre quem eram os agressores... A questão era, como manobrá-los para que disparassem primeiro sem permitir que sofrêssemos dano excessivo. Era uma proposição difícil."
Seguindo o receituário adotado por ocasião da Primeira Guerra Mundial (no afundamento do Lusitania), novamente foi acionado um formidável tripé (provocar, facilitar e isolar), que fatalmente chegaria ao objetivo pretendido, embora ao preço do sacrifício de inúmeras vidas, totalmente alheias a interesses sórdidos. Nesses termos, a partir desse momento o suposto inimigo seria induzido (ou provocado) a atacar. Essa incursão seria coroada de um sucesso aparente, uma vez que a facilitação do ataque implicava em não lhe oferecer oposição. Por último a parte mais perversa dessa decisão insana consistia na condenação antecipada das vítimas, isolando-as de qualquer informação ou conhecimento prévio do perigo que lhes permitisse escapar de seu destino. Era justamente aí, onde residia a quintessência da crueldade personificada!
Cessada as hostilidades, e durante muitos anos, o governo negou com veemência qualquer conhecimento do ataque japonês, mormente o seu envolvimento em tamanha tragédia. Entretanto, as evidências desse crime hediondo foram gradualmente aparecendo, na medida em que literalmente caía por terra qualquer justificativa de desconhecimento, objetivando simplesmente livrar a cara dos mandantes ou mandante, do julgamento da opinião pública. A peça principal dessa trama monstruosa foi encontrada pelo escritor Robert Stinnett, em 1995, no conteúdo dum memorando (datado de 07/10/1940) pertencente aos arquivos da Marinha, e da lavra do subcomandante Arthur McCollum, alocado na Inteligência Naval.
O documento era dirigido a dois dos principais assessores navais de Franklin Delano Roosevelt: os capitães Dudley Knox e Walter Anderson, esse último ocupando na época a chefia da Inteligência Naval. Depois de aprovado pelos militares em apreço e acima mencionados, o documento foi encaminhado ao presidente americano para as devidas providências, ou sanção. Seu texto completo tornou-se do conhecimento público, a partir da publicação do livro de Stinnett, Day of Deceit: The Truth About FDR and Pearl Harbor. Contendo um plano de ação de oito pontos implementava uma estratégia de duas partes, senão vejamos. “O Japão seria provocado a fazer um ataque militar por uma questão de necessidade econômica e honra nacional de sua parte”. “Esse ataque seria facilitado pelos EUA, que ignoraria (obviamente fingiria ignorar) os preparativos japoneses e tornariam o alvo tão vulnerável quanto possível”. Encerrando a redação do documento estava escrito: "Se por esses meios o Japão poder ser levado a praticar um ato declarado de guerra, tanto melhor."
Na visão deste Autor, mesmo levando-se em conta a sordidez do plano, bem como a perversidade de se condenar a morte milhares de cidadãos, ou um “ingrediente” sem nenhum valor pra justificar outra agressão a um maior número de seres humanos, mas a democracia nos Estados Unidos existe, é um fato consumado. Mesmo depois de 50 anos do ocorrido, qual o governo da América Latina que teria o tutano de tornar público a truculência e os excessos de suas forças armadas no decorrer de uma ditadura, bem como, qual o povo que teria o topete de denunciar, sem medo de retaliação essas ocorrências, ou agressão aos direitos humanos? Talvez nenhum nesse lado dos trópicos! É mais fácil, ou cômodo indenizar a família do torturado, criar um programa, ou bolsa desaparecido, do que abrir os arquivos de um regime de exceção a análise popular, mesmo sabendo que isso interessa ao segmento pensante da sociedade e a orfandade de muitas famílias, ainda hoje a espera de respostas.
Qualquer iniciativa nesse sentido, imediatamente desperta um excessivo cuidado para com a trajetória desta, ou daquela Instituição, contrariando as promessas que antecederam a chegada ao poder, bem como a esperança de encerramento de alguns calvários e a possibilidade de enterrar e reverenciar seus mortos em locais decentes. O excesso de conveniência e o total desprezo pelo regime democrático, ou estado de direito arranca de mandatários oportunistas e demagogos a justificativa de evitar-se a abertura de feridas já cicratizadas, desconhecendo totalmente que a verdade é o único ungüento nesses casos, ou vias tortuosas pela vida.
No final dessa odisséia trágica, o torturado é nivelado ao torturador e na visão de pessoas práticas e oportunistas “assim terá de ser”, em nome da governabilidade, da paz de certos grupos, dentro de um momento insólito. Nesse aspecto, o povo americano está a milhões de anos-luz do restante do continente, demonstrando de forma adulta a solidez de sua democracia e a têmpera de alguns segmentos de uma mídia isenta, operando na defesa dos interesses de um enorme contingente. Essa postura assumida por profissionais independentes, literalmente incomoda governos autoritários, que se cercam de jornalistas serviçais que lhes endeusam o dia-a-dia, na medida em que não desistem de calar a livre imprensa, receosos de denúncias e críticas aos inúmeros desmandos.
Retornando a um relato tão empolgante, a necessidade de isolar as vítimas de qualquer conhecimento prévio do ataque não era mencionada no memorando, talvez por um mínimo de pudor, ou algum resquício de escrúpulo. Mas isso era dispensável, uma vez que o sucesso do plano dependia da ignorância total das mesmas sobre o destino da grande maioria, bem como o imperativo sucesso do ataque. Nesse processo de autêntica quarentena, e impedidas do acesso a uma triste realidade, quedaram-se a esperar pelo pior, por algo trágico, mas que desconheciam. Elas faziam parte de um plano diligentemente traçado pelo coletivismo e jamais poderiam decepcionar. Enquanto isso o governo do Japão foi provocado a atacar, em face de uma série de agressões sofridas (cortes profundos na própria carne), vejamos:
a) A venda de produtos críticos dos Estados Unidos para o Japão foi subitamente embargada;
b) O comércio foi levado a uma paralisia;
c) O acesso do Japão ao petróleo das Índias Orientais Holandesas foi impedido pela pressão diplomática norte-americana sobre o governo holandês;
d) Os EUA fecharam o Canal do Panamá às naus japonesas;
e) Os principais ativos japoneses nos Estados Unidos foram tomados pelo governo ianque.
Através de uma análise rápida, qualquer pesquisador domingueiro, distante, ou mesmo desinteressado pelo assunto nota que o Japão foi surdamente agredido em sua economia, e, ao invés de um ataque militar teve de conviver com a bancarrota de suas finanças e com a pressão internacional sobre parceiros comerciais. O ataque dos Estados Unidos, além de fulminante aos interesses de hegemonia nipônica era um insulto a sua honra nacional. A única saída para o impasse era uma resposta militar, aliás, o pedido que o governo do Tio Sam freneticamente fizera a um “papai Noel” (guerreiro, ou parceiro?), desde o final de 1940, através do memorando de McCollum.
Sem outra alternativa a apelar, num curto ou médio prazo, o Japão caiu como um patinho (desculpe a comparação, mas todo o assunto é podre) no ardil ianque, que ainda se deu ao luxo de facilitar-lhe a trajetória e os preparativos do ataque. As evidências são contundentes e não adianta espernear ante o óbvio, sobre algo que salta aos olhos, vejamos. Nesses termos, Tadashi Morimura foi despachado a Pearl Harbor, na qualidade de espião japonês, sob a cobertura de uma falsa designação política na Embaixada do Japão. O Federal Bureau of Investigation/FBI acompanhava o caso, sabendo de antemão que seu nome verdadeiro era Takeo Yoshikawa, treinado como um oficial militar, sem nenhuma experiência na política. Seu desembarque foi fotografado pelo FBI, que grampeou seu telefone, rastreando-o diuturnamente em seus deslocamentos pela ilha. A peregrinação diária até uma colina objetivando fotografar o porto e a localização dos navios bem como a utilização de um rádio clandestino no envio de mensagens codificadas para o Japão era também do conhecimento do FBI.
O teor das mensagens, como: a localização exata de todos os navios, um roteiro de seus movimentos, quantos soldados e marinheiros estavam em serviço, em que horários eles se apresentavam, e em que momento deixavam a base eram informações de importância militar. Elas apontavam claramente para a possibilidade de um ataque de surpresa, e o FBI tentou prendê-lo e deportá-lo, mas a intervenção de autoridades superiores, com aprovação da Casa Branca foi crucial: “Não toquem neste sujeito. Ele é de nossa responsabilidade. Nós trataremos do assunto”. O chefe do FBI, J. Edgar Hoover objetou, quase surgindo uma disputa de autoridade entre o Órgão e a Inteligência Naval, mas Yoshikawa pôde continuar com a missão, ignorando que era observado.
Menos de uma semana antes do ataque, a Inteligência Naval interceptou uma mensagem, na qual um espião protegido por quem era espionado (até que ponto chega o sadismo da política) informava: "Nenhuma mudança observada até a tarde de 2 de dezembro. Até aqui, parece que eles não foram alertados. Licenças para ir a terra como usual". No dia 6 de dezembro, exatamente um dia antes do ataque foi interceptada a mensagem seguinte: "Não existem balões com redes para bloquear os aviões que voam a baixa altitude nestes locais - e há uma considerável oportunidade para um ataque de surpresa". É simplesmente estranho e difícil de acreditar (não fora a abundância de registros), mas havia um agente inimigo coletando informações estratégicas para um ataque de surpresa contra as forças norte-americanas, protegido pelos EUA e “hospedado” dentro da própria casa do Tio Sam.
No entanto, o mais dramático nesse ambiente inusitado, ou grotesco era a certeza de que pessoas nos níveis mais altos do governo o estavam protegendo. Elas deliberadamente permitiram que o fluxo de informações continuasse para que os japoneses fossem bem sucedidos em sua missão. Outro exemplo típico dessa facilitação escancarada foi a chamado Política dos Mares Vazios, adotada na gestação do ataque; confira. Analisando os padrões do clima, as correntes marinhas, a localização das linhas da marinha mercante, a demanda por suprimento de combustível e outros fatores, os americanos sabiam que os japoneses se aproximariam do norte do Oceano Pacífico, em uma área operacional entre os graus 157 e 158 da longitude oeste. Com grande antecedência apostaram, em qual corredor marinho usariam para lançar seu ataque.
Essa parte da operação era o chamado “calcanhar de Aquiles” do ataque, e não adiantava correr riscos desnecessários nesse sentido, afinal, seguro morreu de velho. O leitor já imaginou a frustração ianque, se a tripulação de qualquer navio avistasse uma frota japonesa (porta-aviões, destróieres e tudo mais) navegando em direção ao Havaí; Eureka! Parece que porco voa! A introdução desses figurantes de última hora seria catastrófica, pois no mínimo usariam o rádio para transmitir a informação, alertando todo o Pacífico Norte e, aí; adeus surpresa para as vítimas em quarentena. Isso, além de estragar as pretensões americanas poderia abortar o plano de ataque japonês, em face de importante perda do elemento surpresa. Tudo era possível nesse ambiente de muito frenesi, de nervos a flor da pele, estresse em demasia e incontáveis preces ao Deus da guerra, de ambos os lados.
Aos japoneses importava acima de tudo a surpresa, cabendo aos Estados Unidos garantir que essa fosse um fato consumado. O Serviço de Inteligência acompanhara com interesse a cada estágio dos preparativos nipônicos. As manobras e exercícios de treinamento, tanto no ar, como no mar eram monitoradas de perto por agentes americanos e relatadas através de relatórios minuciosos, diariamente enviados a Washington. Na oportunidade torna-se de bom alvitre cientificar o leitor, que o persistente e exaustivo trabalho realizado no Havaí por Takeo Yoshikawa era também executado no arquipélago japonês por várias “fontes” dedicadas e conhecedoras do ofício, pois afinal de contas nesse jogo não existiam santos, apenas interesse e a disputa por vantagens.
Quando o almirante Nagumo equipou sua força de ataque de porta-aviões na Baia Hitokappu, na ilha japonesa de Etorofu e, a 25/11/1941, os navios zarparam do Japão dirigindo-se a Pearl Harbor, esse momento dramático, por incrível que pareça era um segredo partilhado também, pela marinha americana. Incrível como age a política! Dramático e cruel para o ser humano comum e normal! Justamente por isso, e visando o sucesso da empresa, algumas horas depois da partida da força-tarefa nipônica, o comando da Marinha em Washington colocou em funcionamento a diretiva Mares Vazios, ordenando que todos os navios militares e civis ficassem fora do corredor norte do Pacífico.
O trânsito nesse local foi desviado em centenas de milhas náuticas para uma rota trans-Pacífico por meio do Estreito de Torres. A partir daí estava garantido um autêntico “mar de Almirante” (se existe um céu de Brigadeiro, por que não?), ou surpresa total para a esquadra japonesa, sem tropeços, com vítimas garantidas e literalmente desinformadas. O segundo estágio da armadilha ou estratégia era manter os navios da 7ª Frota engarrafados em Pearl Harbor, de vez que isso os tornaria alvos fáceis, pois (em caso de ataque) não poderiam manobrar. Apesar da forte objeção do comandante local almirante Kimmel, a tática foi viabilizada por meio da redução do suprimento de combustível, através de seus superiores em Washington. Sem óleo e afins não havia saída, os navios teriam de ser mantidos no porto. Em suas memórias, publicadas em 1955, o almirante Kimmel comenta:
"Logo após eu ter organizado a Frota em três principais forças-tarefa, tentei manter duas das três forças no mar e somente uma em Perl Harbor. Rapidamente descobri que o suprimento de combustível estava aquém do consumo. As reservas estavam se exaurindo em um momento em que era imperativo aumentá-las. Foi esse único fato que tornou necessário manter duas forças-tarefa simultaneamente em Pearl Harbor."
Cessada as hostilidades, ou mais precisamente em 1946, uma investigação do Congresso revelou que apenas alguns dias antes do ataque, o comando da Marinha em Washington ordenou que 21 navios modernos deixassem Pearl Harbor e se dirigissem para serviço nas ilhas Wake e Midway. Essa triagem oportuna deixou o restante da frota com proteção reduzida, condenando a um destino previamente conhecido velhas relíquias da Primeira Guerra Mundial, ou alguns navios que já estavam destinados a serem tirados de serviço. A esse respeito, o Secretário da Guerra Stimson foi bem claro, nas anotações em seu diário: "A questão era, como deveríamos manobrá-los a disparar o primeiro tiro sem permitir dano excessivo a nós mesmos".
Os porta-aviões japoneses e americanos foram armas decisivas no combate e no controle do Pacífico, e coincidentemente dois deles, o Lexington e o Enterprise foram retirados com antecedência de Pearl Harbor, “milagrosamente” separados de uma série de navios envelhecidos ou marginalmente úteis, o pano de fundo do pseudo sucesso de um ataque frustrante. A afirmação de que as vítimas no Havaí foram isoladas de informações, que milhares de americanos perderam a vida por não terem sido alertados, ou que foram sacrificados, pois suas mortes eram necessárias à comoção nacional que justificaria a entrada dos EUA na guerra, não é agradável. Muito pelo contrário, é monstruosa!
Durante todo o período dos preparativos e nos dias finais que antecederam o mortífero ataque, os japoneses se utilizaram duma combinação de códigos militares e diplomáticos emitindo incontáveis comunicados para eles secretos. Todavia, as agências norte-americanas de Inteligência, que sempre andaram na frente desses artifícios decifraram todos. De acordo com uma informação de Homer Kisner, chefe da equipe de Interceptação de Rádio da Frota do Pacífico, seus homens interceptaram e decodificaram mais de um milhão de mensagens nipônicas. No período de noventa dias antes do suposto ataque de surpresa, a Inteligência Naval tinha conhecimento da ação nos seus mínimos detalhes. No entanto, nenhuma dessas mensagens foi enviada aos comandantes em Pearl Harbor. Em suas memórias, o almirante Kimmel relembra:
"Em Perl Harbor, o general Short e eu conhecíamos somente uma pequena parte da história política que estava por trás do ataque japonês. Tomaram o cuidado de não nos enviar as mensagens interceptadas dos japoneses, que falavam em grande detalhe de cada passo no programa japonês... Durante três meses antes do ataque à frota, uma riqueza de informações vitais recebidas em Washington foi suprimida dos comandantes no Havaí. As informações recebidas durante os dez dias que precederam o ataque apontavam claramente para a frota em Perl Harbor como o objetivo dos japoneses, porém nem uma única palavra de advertência e nem uma dessas informações foi transmitida aos comandantes no Havaí."
No dia 06 de dezembro de 1941, os peritos da Marinha Estadunidense interceptaram uma mensagem japonesa alarmante. Decodificada em tempo recorde, com uma antecedência de quase sete horas, o comunicado deixava claro que o ataque seria direcionado a Pearl Harbor, no dia seguinte, às 13:00h, no horário de Washington. Ora, melhor ou mais claro que isso, só um contato telefônico, ou o envio de um SEDEX ou “telegrama específico”. Como não podia deixar de ser, a mensagem foi levada às pressas ao presidente Roosevelt e aos seus principais assessores militares para a tomada de medidas imediatas. Entretanto, a resposta deles foi fazer absolutamente nada, pois sentaram e deliberadamente deixaram o relógio correr, como se isso não tivesse a mínima importância.
O homem que entregou pessoalmente a mensagem a Roosevelt, na Casa Branca foi o capitão Beardall e a inércia do presidente foi presenciada por esse militar. O general George Marshall, Chefe do Estado Maior e membro do Conselho das Relações Exteriores, posteriormente afirmou que naquela manhã estava andando a cavalo pelo parque, o grande motivo que lhe impediu de tomar medidas imediatas. Argumentou ainda, que somente tomou conhecimento do comunicado interceptado, quando da chegada ao seu gabinete, ou seja, às 11:25h. Mesmo assim, qualquer pessoa normal, ou o intelecto mais acanhado teria se utilizado de uma operação básica da aritmética e realizado uma subtração simples, vejamos: o ataque seria realizado às 13:00h, e eram 11:25h, restavam-lhe, portanto, 1:35h, pra agir como bem quisesse, ou se tivesse vontade. Mas isso ele não tinha, como ficou claro, confira. Inicialmente poderia ter usado o telefone e falado diretamente com os comandantes no Havaí. Poderia também ter usado um dos vários sistemas de rádios militares, criados exatamente para esse tipo de comunicação urgente, mas, inexplicavelmente não fez nada disso.
Encerrando uma participação deplorável em assunto por demais escabroso, de acordo com testemunhas oculares leu e releu a interceptação, movendo o papel de um lado para outro em sua mesa enquanto mais meia hora transcorria. Fatalmente, às 11:52h, finalmente o general Marshall enviou uma advertência aos comandantes sediados em Pearl Harbor. Todavia, para intranqüilidade de seus biógrafos e consternação de inúmeras famílias dos cidadãos vitimados no ataque escolheu como método de alerta, a emissão de um telegrama comercial enviado por meio da Western Union. O resultado dessa autêntica pantomima ficou impresso no horário de chegada da correspondência; vejamos: o telegrama foi recebido pelo destinatário, seis horas depois do ataque, ou após a morte de quase três mil pessoas.
Na condição de instrumentos de alienação e domínio sobre a massa ignorante e carente de alguma coisa, tanto a religião como a política dispõem de adeptos fiéis, beatos, fanáticos, torcida organizada, seguidores enganados ou bestificados, bajuladores, oportunistas e outras excrescências. Nos meandros da religião eles procuram a salvação da alma e o ingresso no céu, muito embora nunca questionem uma interrogação lógica: salvar do quê? ...de quem? ...e para quê? Nesse quesito a religião tira de letra, pois as suas benesses (sentar junto a deus e conversar com Jesus, ou Maria) e os departamentos (céu e inferno) por si administrados são apenas liberados após a morte (quanta malandragem) e nunca se ouviu falar que alguém retornasse do “outro mundo” reclamando ter sido enganado. Quanto a isso os dirigentes da Igreja têm plena certeza de jamais serem levados ao PROCON, ou Tribunais de Pequenas Causas no sentido de explicar a ineficácia, ou inexistência desses apregoados bens celestes.
Na política, no entanto, os seguidores de partidos ou candidatos são mais imediatistas, uma vez que necessitam do emprego, da boquinha, agora, pois ao contrário do alimento celestial distribuído pela doutrina religiosa eles querem mesmo é um lenitivo sólido pra saciar a “fome da barriga”. Os cupinchas e apaniguados mais importantes e achegados ao líder empossado no poder recebem um ministério, a direção de uma secretaria emblemática, um jetom companheiro como consultor da binacional Itaipu e por aí vai. Os mais acomodados e subservientes contentam-se com um bolsa qualquer coisa, se possível acrescido do bolsa cinema e da oportunidade ímpar de vivenciar na tela, a trajetória senão piruetas de um avatar e filho de seu País.
Todavia, constitui-se numa boa praxe deixar bem claro para o leitor, que nas duas Instituições, a intolerância bem como o fanatismo são a tônica, uma vez que as verdades defendidas são colocadas como fatos consumados, inexistindo qualquer possibilidade de argumentação. Na primeira delas não se pode discordar de preceitos divinos, ditados por deus, mas sabidamente engendrados por oportunistas, aqui mesmo na Terra. Na segunda Entidade, ou na política as regras são um pouco mais frouxas, uma vez poder-se mudar de idéia, de partido, de liderança; não de liderados, todavia, é expressamente proibido desprezar os integrantes da irmandade, ou facilitar qualquer ação da justiça sobre a corrupção.
Conceitos célebres, mas distorcidos na essência são proferidos diuturnamente, no intuito de banalizar-se o crime, vejamos. “Todo homem é inocente, até prova em contrário”, “Esse homem (flagrado em várias falcatruas, mas já inocentado de todas elas) não pode ser tratado como uma pessoa comum”. “Pra esse aqui eu dou um cheque em branco e durmo tranqüilo”. “Estou com você em todas as lutas, no que der e vier”. O grande corso e Imperador Francês Napoleão Bonaparte, um grande conhecedor da miséria humana, da tirania da Igreja e da corrupção política emitiu dois conceitos, entre tantos outros que se encaixam como uma luva na discussão presente; confira. “Há patifes tão patifes que se comportam como pessoas honestas”, ou mesmo “O ateu é um servo melhor que o fanático, pois enquanto um obedece ou outro mata”.
Retomando o fio da meada e ressaltando a crueldade e o fanatismo político, durante muitos anos após a Segunda Guerra Mundial, os admiradores de Roosevelt negaram que ele ou alguém de sua administração tivesse qualquer tipo de conhecimento prévio do ataque japonês a base americana. Pelo visto os políticos nativos, mesmo aqueles completamente analfabetos, ou ignorantes em termos de história ou decência tiveram algum tipo de estalo, no que tange a essas ocorrências. Quando um chefe e mensaleiro-rei chora e apela pra ignorância da massa jurando de pés juntos que não existiu um mensalão, que tudo não passa de um complô pra desestabilizá-lo, apesar de imoral isso não é inédito. Quando o corrupto é flagrado, senão filmado com dólares na cueca, ou reais nas meias, mas um colega mais experiente questiona as provas, colocando em dúvida uma imagem por demais consistente, e que fala por si, sim senhor, pode acreditar que o expediente já foi notícia em determinado local no passado.
“A história é cíclica, principalmente num país que não é sério, onde a patifaria de hoje é maior do que a falcatrua de ontem e certamente menor que o ato corrupto agendado para o dia de amanhã”. Sabedores da inexistência de céu e inferno, de castigos divinos e outras medidas inócuas apregoadas pela religião, o homem mal deita e rola, subvertendo a razão e, sobretudo, prejudicando a vida do cidadão comum, que se esforça pra viver com um mínimo de decência. Deixando de lado a asquerosa política nativa, nada melhor que observar o caminhar de professores diplomados, senão doutorados embora em circunstâncias conflitantes. Conforme foi abordado no início do texto, a abertura dos arquivos confidenciais de guerra, não só deixou claro que o presidente Roosevelt sabia que o Japão atacaria, como até mesmo pavimentou uma via tranqüila para a realização desse ataque. A nova linha de defesa adotada por seus seguidores e adeptos do coletivismo é que isso era necessário para o bem de todos e felicidade geral da nação, ou da humanidade! Lérias! Sua postura nesse processo foi um autêntico ato de estadismo, um gesto de heroísmo ímpar, somente presente nas consciências lúcidas, nas grandes inteligências privilegiadas pelo destino, ou pela natureza, tanto faz. Sem a sua coragem e desprendimento a Europa teria dobrado os joelhos perante Hitler e, num futuro próximo, os Estados Unidos seriam atacados.
Quando um belo dia elefante voar e o mensalão tupiniquim for julgado, levando ao xilindró alguns de seus fundadores, operadores e beneficiários, talvez não muitos reconheçam a sua importância no contexto administrativo, justificando os avanços do governo através dessa propina amiga distribuída entre predadores vorazes e aloprados. Não muitos justificarão também, que isso foi um ato de estadismo (de roça) e que o País tornou-se forte, com condições de pretender um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas/ONU, e mediante o fiasco da política externa em Honduras, transformar sua embaixada naquele país, numa kitnet de Manoel Zelaya. Outros mais comedidos afirmarão que o mensalão foi operado em nome da governabilidade, pois tendo em vista a fragilidade de uma democracia volátil, mexer nos arquivos da ditadura, punir políticos reconhecidamente corruptos, extraditar terroristas assassinos, ou coibir falcatruas é pecado grave, pois interfere na estabilidade do governo, mantida a duras penas. Foi sempre assim e assim será! Tudo é possível nesse circo mambembe! Poder-se-á até retornar aos idos da década de oitenta modificando-se um velho e oportuno bordão, vejamos: mensaleiros (ou corruptos?) unidos, jamais serão (ou seremos?) vencidos!
Ainda no tocante a postura do presidente ianque, os EUA tinham uma obrigação moral de ajudar os britânicos e franceses, aliados de longa data, principalmente nas questões futuras. Além de corajoso, Roosevelt tivera a visão messiânica de enxergar adiante; na medida em que absorvia o golpe confrontava com denodo o totalitarismo antes que o mesmo se tornasse mais forte. O povo americano estava aquém de seus governantes iluminados, jamais entendendo, compreendendo ou percebendo como o momento era importante e como o Tio Sam precisava aceitar um papel de liderança nos assuntos internacionais. Justamente por tudo isso não havia outra escolha, a não ser mentir, enganar e arruinar as carreiras de oficiais militares leais fazendo deles bodes expiatórios. A Constituição e as leis tiveram de ser violadas, a fim de se legitimar um ato de estadismo (ou terrorismo?), onde milhares de cidadãos americanos foram mortos, no intuito de se convencer a grande massa, qual o caminho a ser seguido no momento, ou qual o ponto de vista correto. Convenhamos, o único modo de parar o totalitarismo na Europa era estabelecê-lo também na América.
Nesse aspecto, até mesmo o escritor Robert Stinnett, nada menos que o descobridor do memorando de McCollum, sucumbiu a esse argumento insano. No prefácio de seu livro escreveu convicto:
"Como um veterano da Guerra no Pacífico, senti indignação ao descobrir segredos que tinham sido escondidos do povo americano por mais de cinqüenta anos. Entretanto, compreendi o dilema e a agonia enfrentados pelo presidente Roosevelt. Ele foi forçado a encontrar meios indiretos para persuadir uma América isolacionista a entrar na luta pela liberdade".
Continuando nesse mesmo diapasão, um dos homens que garantiu o total alheamento do almirante Kimmel e do general Short sobre o conteúdo das mensagens japonesas nos preparativos do ataque foi o subcomandante Joseph Rochefort, chefe da Rede de Inteligência de Rádio da Marinha no Meio-Pacífico. Depois do bombardeio japonês esse militar eficiente emitiu um juízo de valor sobre uma tragédia que matou 2.388 pessoas e feriu 1.178, a maioria das quais cidadãos americanos. Confiramos a frieza do coletivismo: "Foi um preço pequeno a pagar pela unificação do país". Encerrando um assunto trágico, embora empolgante ao extremo torna-se de bom alvitre levar ao conhecimento do leitor que a exemplo dos bastidores da Primeira Guerra Mundial, os líderes americanos durante a conflagração 1939/1945 estavam focados em objetivos grandiosos e desvinculados do fragor de bombas e morteiros.
Justamente por conta de metas inadiáveis e muito antes do ataque nipônico, os socialistas fabianos e leninistas estavam totalmente envolvidos com o planejamento duma estrutura que viabilizasse um governo mundial. Esse novo organismo seria batizado de “Organização das Nações Unidas/ONU”; e, no final das hostilidades seria oferecido a um mundo cansado da guerra como "nossa última e melhor esperança para a paz". A maior parte desse trabalho foi realizado na Divisão de Planejamento de Política Externa do Pós-Guerra do Departamento de Estado, sob a direção de Alger Hiss, um laureado especialista no assunto que militava nos dois campos do que restou no cenário vigente, isto é, Estados Unidos e União Soviética. Convenhamos (pra que as coisas fiquem bem claras), ele não somente era um assessor do presidente Roosevelt e um ex-presidente do Fundo Carnegie Endowment (o que o colocava imediatamente no campo dos socialistas fabianos), mas também e por baixo dos panos um agente dos soviéticos. Hiss foi o homem que apresentou pessoalmente a recém-redigida Carta das Nações Unidas na reunião de fundação da ONU em San Francisco/Califórnia/EUA, e tornou-se o primeiro secretário-geral daquela organização.
Naquela época, boa parte do planeta estava em pedaços, em face aos ferozes bombardeios duma guerra insana, todavia, a ONU era o modelo coletivista encontrado na remoção do entulho e soerguimento do mundo em consonância com as aspirações de pacifistas guerreiros, ou fomentadores do lema: “minha vontade é a lei”. Para qualquer jovem secundarista, a guerra recém terminada fora uma luta em defesa da liberdade e contra o totalitarismo, todavia, numa visão realista foi um confronto entre três ramificações de coletivismo, pugnando pela supremacia no planeta. Nesse entrevero funesto, os socialistas fabianos e leninistas se uniram e derrotaram o fascismo, um outro ramo de coletivismo enrustido.
Atualmente, o mundo assiste passivamente a uma silenciosa, ou estridente luta política de bastidores, ou campal entre as facções que sobraram. Essa batalha travada no cotidiano, ao contrário do passado, não traz consigo um rótulo chamativo, como: liberdade versus totalitarismo, pois se trata duma luta cujo término indicará o novo executivo que dirigirá o mundo, e isso ficou claro no cenário político presente. Na construção da história, salvo algumas exceções, o vilão posa de herói e ainda recebe aplausos. Isso tem sido assim desde o início! AMÉM!
Nota: Esse ensaio faz parte da obra – A Construção do Mito, 564 páginas, o Volume II da trilogia: Jesus e o Cristianismo, a venda pelo email josepereiragondim@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário